O que eu ontem conhecia e admirava, hoje nem reconheço mais. É o tempo que passa, são as mudanças que o tempo faz. O que nos leva a fazer escolhas na vida. De repente o que era especial, deixou de ser. Afinal, que valor tem o especial genérico? Sei lá, cresci sabendo que coisas especiais não se distribuem como balas de Papai Noel. Ó meu país tão conturbado e confuso, tão bonito e duvidoso!
Por quantas mudanças passamos em 2014? Como será em 2015? Será que vamos conseguir vencer? Ou pagar pelos erros de alguém?
Parece tão distante...mas tivemos uma Copa do Mundo no Brasil...e foi tão pífia, tão minúscula, tão ridícula a seleção brasileira, que o fruto parido se tornou insignificante e o que era orgulho nacional, transformou-se num erro brutal. E como é naturalmente humano, os erros são deixados de lado e esquecidos de forma rápida, um apagão e tanto na memória brasileira.
Estávamos ainda nos recuperando do tombo dos 7 e chegaram as eleições gerais no país. Aliás, um país sedento por mudanças (e eu acreditei). Tantos movimentos urbanos lotados de manifestantes irados com a indignidade política e com o descaso dos serviços públicos, dentre outros.
Ah, como me enfureci também e como me solidarizei, me uni aos protestantes, na certeza que era a coisa certa a fazer.
Mas até hoje encontro-me perplexa com a escolha da continuidade do que foi abertamente condenado na mídia, na rádio, na tv, nas calçadas, nas ruas.
Ainda não dá para entender a esperança de mudar com as mesmas pessoas comandando a massa. Será que vamos conseguir vencer? Ou iremos pagar pelos erros de outrem?
Como nada neste mundo é em vão e tudo tem seu motivo e lugar, espero ser surpreendida e ter que admitir que errei e a maioria está com a razão, que o país vai bem e que Fome Zero não vai ser só nome de pizza.
Encerrado o sufrágio (adoro essa palavra) das urnas, veio à tona a Comissão da Verdade e suas conclusões. De verdade, de tudo o que sei sobre o processo de ditadura no Brasil, esta nunca me convenceu. Não vivi nem tenho afinidades com esse tempo que dizem ter sido pavoroso. Às vezes, por ler um ou outro detalhe infame de algo sobre essa época, chego a chorar, pensando que debaixo deste céu divino, deste sol soberbo e desta calma inebriante, alguém foi torturado fisicamente; morto de forma bruta, apenas porque discordava dos então governantes.
O que é prática de criminosos não pode ser considerado ato normal, de rotina, por quem se diz normal...não aceito a barbárie como regra: é uma exceção que deve ser combatida sempre.
Há quem diga que a democracia é tão generosa e ampla, que permite que lutemos contra seus princípios. Jamais poderei defender outro estado de direito, que o democrático.
Inadmissível pensar em retornar ao uso de armas, ao cerceamento das entidades políticas legalmente constituídas; ainda que existam muitas coisas para serem corrigidas para então o Brasil passar a ser o país do presente, não consigo compactuar com a ideia de que militares resolveriam os problemas.
Impossível ficar indiferente à uma boa leitura da Carta Magna brasileira, difícil discordar de que a partir dela somos livres e que vivemos uma república democrática, cheia de equívocos, é verdade, mas que somos capazes de corrigí-los, sem que tenhamos que viver sob as ordens de um quartel.
Gosto de pensar que posso ajudar a mudar as coisas, mesmo sabendo que as mudanças não acontecerão da noite para o dia.
Esse tipo de mudança, só ocorre com os anos: dormimos no dia 31 de dezembro de um ano e acordamos no primeiro dia de outro. É o que vai acontecer em breve, e só me resta dizer: se chorei ou se sofri, passou; guardei na memória e no coração, as boas emoções vividas...não sei o que virá, mas amanhã, será um novo dia e quero poder andar tranquilamente pelo meu país, sob as asas protetoras de Deus.