Meu Blog transformou escrever um hábito saboroso...eu sei que ultimamente tenho produzido bem pouco...é a falta de tempo e às vezes, de inspiração também. Mas, arrumar coisas legais etc, enfim interagir por este espaço tem se transformado numa tarefa agradável e de todo modo, vou aqui mostrando um pouco do meu jeito de ser e pensar. Não posto imagens de crianças, considero abusiva a exposição infantil por qualquer adulto, lembrando que elas não tem poder de consentimento para serem expostas. Continuo insistindo em selecionar o que for de meu agrado, mas espero que também seja do gosto de quem lê, acompanha o meu Bloguinho. Através do tempo, continuo sintetizando-me assim: insisto em praticar a fidelidade como princípio de vida; não sou doce, não sou submissa do mundo, sou dócil para quem eu amar e me amar também: o que acontece sem uma correspondência total e bionívoca não me atrai...prefiro emoções à matéria; não sou adepta de parcerias de coleiras, não estou em gôndolas, sou extremista e radical nas idéias; não sou deslumbrada nem deliro com impossibilidades, o que tenho me basta e me situa. Acredito no amor, sei que é o melhor presente da vida, por isso respeito quem eu amar, o amor que dou e o que recebo: para mim, submissão é sinônimo de amor sempre. Não invento alegrias falsas, sou naturalmente alegre e simples no meu jeito de viver. Neste mundo, dou-me o direito de curtir a quebradeira de um funk bom e não fico parada no batuque do samba. Uma das coisas que mais me incomoda é a falta de compromisso com tudo na vida, que muitas vezes se encontra por ai. Enfim, eis me aqui, sou assim: eu VIVO!


3 de out. de 2009

LEITURA TEIMOSA


Disposto a descobrir uma rota marítima para as Ilhas das Especiarias (rica em cravo-da-índia, pimenta e noz-moscada, produtos de grande valor na época), situada na Indonésia, no ano de 1519, o navegador português Fernão de Magalhães, zarpou de Sevilha (Espanha), numa das maiores e mais bem equipadas expedições da Era dos Descobrimentos, com uma frota que passou a ser chamada de “Armada das Moluscas”, composta de cinco navios e 260 homens. Magalhães pretendia chegar às lendárias ilhas cruzando o continente americano pelo oeste, em vez de contornar o continente africano pelo leste e atravessar o Atlântico.


Passados três anos, apenas um dos navios retornou, tripulado por dezoito marinheiros esquálidos (e sem seu comandante), que entraram para a história como os primeiros homens a conseguir navegar em volta do globo.
A ousada viagem de circunnavegação de Fernão de Magalhães transformou-se numa odisséia pontuada por tormentas, motins, violência, luxúria e extraordinárias peripécias.


Ele, além de provar que a terra era redonda, descobriu que a nova rota era navegável, contornando a América pelo estreito que hoje leva o seu nome.
A história dessa pioneira circunavegação do mundo é reconstituída pelo jornalista americano Laurence Bergreen em sua obra "Além do fim do mundo", uma narrativa que mistura a sólida reportagem com um certo tom de romance de aventura.
Fruto de extensa pesquisa, o livro relata a genialidade de Fernão de Magalhães e expõe as acirradas disputas entre Portugal e Espanha (superpotências da época), pelo controle do comércio marítimo e oferece um relato histórico completo da viagem pioneira de circunavegação, sob uma nova ótica. Bergreen descreve a violência usada por Magalhães para conter os motins de seus marinheiros, assim como as práticas sexuais incomuns experimentadas pela tripulação, das orgias no Brasil aos costumes bizarros do Pacífico Sul.


A obra mostra como os marinheiros suportaram fome, doenças e tortura, e como muitos deles sucumbiram – inclusive Magalhães, morto e esquartejado brutalmente em uma sangrenta batalha, pelos habitantes da Ilha Mactan (atual Filipinas), em 27 de abril 1521, quando estava próximo de chegar às Ilhas Moluscas.
Homem de grande tenacidade, astúcia e coragem, o navegador português foi uma personalidade contraditória, pois, rejeitado por Portugal, Magalhães convence o rei da Espanha a financiar a expedição.
Tanto heróico quanto tolo, ao mesmo tempo perspicaz e obtuso, Magalhães foi um visionário, cujos instintos ultrapassaram seus ideais. Ambicioso a ponto de torturar e matar para manter o controle de seus navios e marinheiros espanhóis, que não aceitavam um português como capitão-mór, ele sobreviveu a inúmeros riscos naturais, além dos vários motins violentos em sua frota, e foram preciso nada menos do que mil e quinhentos homens para matá-lo.


Laurence Bergreen, elaborou uma obra de grande seriedade, num estilo leve e elegante, através da hábil articulação de diversos relatos na primeira pessoa, deu vida a essa apaixonante história do descobrimento, que mudou por completo as velhas noções sobre o mundo e a forma de navegar os oceanos, proporcionando uma viagem à história, a descrição da evolução da Idade Média para o Renascimento, catálogo de tribos, línguas e costumes desconhecidos dos europeus, mostrando em crônica, as tentativas árduas de controlar o poder político e comercial, focadas numa época em que se acreditava que os mares longínquos eram habitados por terríveis monstros.
EXTRATOS



1. A partida
Em 20 de setembro de 1519 a Armada das Molucas, chefiada por Fernão de Magalhães, deixa a Espanha com 260 tripulantes, em cinco embarcações.

2.
As brasileiras
Perseguido pelos portugueses, que queriam prendê-lo, Magalhães segue por uma rota diferente que o leva a 60 dias de tempestades em alto-mar. Uma vez no Brasil, enquanto a armada se reabastece, marinheiros tentam esconder índias nos porões dos navios.

3.
A passagem
Um dos navios naufraga em uma expedição na Argentina, mas todos sobrevivem. Dias depois, a Armada descobre o estreito que leva ao Pacífico mas, apesar da excitação, perde o segundo navio, que deserta e volta à Espanha.

4.
A tragédia
Dezenas de tripulantes, incluindo Magalhães, morrem de fome ou em combate com os nativos. Os restantes, em número pequeno demais para pilotar três navios, decidem incendiar um deles.

5.
A chegada
Danificado, o quarto navio fica para trás. O único restante, chamado Victoria, vai para casa cheio de cravo – uma carga tão valiosa quanto o ouro. E assim, em 6 de setembro de 1522, um navio depauperado surge no horizonte, próximo ao porto de Sanlúcar de Barrameda, na Espanha.
A embarcação que estava sendo conduzida ao porto, era tripulada por apenas 18 homens esqueléticos e três cativos, todos gravemente malnutridos.
Victoria era um navio de mistério, e cada rosto desolado em seu deque estava pleno dos segredos sombrios de uma longa viagem a terras desconhecidas. Apesar das adversidades, o Victoria e sua tripulação reduzida realizaram o que nenhum outro navio tinha feito até então... Navegando a oeste até alcançar o leste, e prosseguindo na mesma direção, tinham concretizado uma ambição tão antiga quanto a imaginação humana: a primeira circunavegação do globo terrestre.
Três anos antes, o Victoria tinha pertencido a um frota de cinco embarcações com aproximadamente 260 marinheiros, todos sob o comando de Fernão de Magalhães. Agora, o Victoria e sua reduzida tripulação eram tudo que restava, um navio fantasma assombrado pela memória de mais de 200 marinheiros ausentes, inclusive o capitão-mor.

Apesar de seu nome, o Victoria não foi um navio de triunfo, foi uma embarcação de desolação e angústia.
Antes de dar início à viagem, porém, o navegador português enfrentou inúmeras dificuldades para a realização desta sua sonhada viagem. Por três vezes, teve rejeitado pelo rei Manuel, de Portugal, o pedido de apoio da corte portuguesa para concretizar seus planos, mas obteve permissão real para oferecer seus serviços em outro lugar. Em outubro de 1517 chegou a Sevilha, na Espanha, onde assinou documentos que o tornavam, formalmente, súdito de Castela e do rei Carlos I. Passou, então, a ser conhecido como Hernando de Magallanes. A corte espanhola financiou a expedição às ilhas das Especiarias e conferiu a Magalhães o título de capitão da frota, com autoridade absoluta no mar.
A notícia do sucesso de Magalhães despertou a ira do rei Manuel, de Portugal, que o acusou de traição e arruinou a reputação do navegador, ainda que ele mesmo o tivesse liberado para procurar apoio em outras terras.


(Além do Fim do Mundo
Laurence Bergreen)