A ousada viagem de circunnavegação de Fernão de Magalhães transformou-se numa odisséia pontuada por tormentas, motins, violência, luxúria e extraordinárias peripécias.
Fruto de extensa pesquisa, o livro relata a genialidade de Fernão de Magalhães e expõe as acirradas disputas entre Portugal e Espanha (superpotências da época), pelo controle do comércio marítimo e oferece um relato histórico completo da viagem pioneira de circunavegação, sob uma nova ótica. Bergreen descreve a violência usada por Magalhães para conter os motins de seus marinheiros, assim como as práticas sexuais incomuns experimentadas pela tripulação, das orgias no Brasil aos costumes bizarros do Pacífico Sul.
Tanto heróico quanto tolo, ao mesmo tempo perspicaz e obtuso, Magalhães foi um visionário, cujos instintos ultrapassaram seus ideais. Ambicioso a ponto de torturar e matar para manter o controle de seus navios e marinheiros espanhóis, que não aceitavam um português como capitão-mór, ele sobreviveu a inúmeros riscos naturais, além dos vários motins violentos em sua frota, e foram preciso nada menos do que mil e quinhentos homens para matá-lo.
Em 20 de setembro de 1519 a Armada das Molucas, chefiada por Fernão de Magalhães, deixa a Espanha com 260 tripulantes, em cinco embarcações.
2. As brasileiras
Perseguido pelos portugueses, que queriam prendê-lo, Magalhães segue por uma rota diferente que o leva a 60 dias de tempestades em alto-mar. Uma vez no Brasil, enquanto a armada se reabastece, marinheiros tentam esconder índias nos porões dos navios.
3. A passagem
Um dos navios naufraga em uma expedição na Argentina, mas todos sobrevivem. Dias depois, a Armada descobre o estreito que leva ao Pacífico mas, apesar da excitação, perde o segundo navio, que deserta e volta à Espanha.
4. A tragédia
Dezenas de tripulantes, incluindo Magalhães, morrem de fome ou em combate com os nativos. Os restantes, em número pequeno demais para pilotar três navios, decidem incendiar um deles.
5. A chegada
Danificado, o quarto navio fica para trás. O único restante, chamado Victoria, vai para casa cheio de cravo – uma carga tão valiosa quanto o ouro. E assim, em 6 de setembro de 1522, um navio depauperado surge no horizonte, próximo ao porto de Sanlúcar de Barrameda, na Espanha.
A embarcação que estava sendo conduzida ao porto, era tripulada por apenas 18 homens esqueléticos e três cativos, todos gravemente malnutridos.
Victoria era um navio de mistério, e cada rosto desolado em seu deque estava pleno dos segredos sombrios de uma longa viagem a terras desconhecidas. Apesar das adversidades, o Victoria e sua tripulação reduzida realizaram o que nenhum outro navio tinha feito até então... Navegando a oeste até alcançar o leste, e prosseguindo na mesma direção, tinham concretizado uma ambição tão antiga quanto a imaginação humana: a primeira circunavegação do globo terrestre.
Três anos antes, o Victoria tinha pertencido a um frota de cinco embarcações com aproximadamente 260 marinheiros, todos sob o comando de Fernão de Magalhães. Agora, o Victoria e sua reduzida tripulação eram tudo que restava, um navio fantasma assombrado pela memória de mais de 200 marinheiros ausentes, inclusive o capitão-mor.
Antes de dar início à viagem, porém, o navegador português enfrentou inúmeras dificuldades para a realização desta sua sonhada viagem. Por três vezes, teve rejeitado pelo rei Manuel, de Portugal, o pedido de apoio da corte portuguesa para concretizar seus planos, mas obteve permissão real para oferecer seus serviços em outro lugar. Em outubro de 1517 chegou a Sevilha, na Espanha, onde assinou documentos que o tornavam, formalmente, súdito de Castela e do rei Carlos I. Passou, então, a ser conhecido como Hernando de Magallanes. A corte espanhola financiou a expedição às ilhas das Especiarias e conferiu a Magalhães o título de capitão da frota, com autoridade absoluta no mar.
A notícia do sucesso de Magalhães despertou a ira do rei Manuel, de Portugal, que o acusou de traição e arruinou a reputação do navegador, ainda que ele mesmo o tivesse liberado para procurar apoio em outras terras.
(Além do Fim do Mundo
Laurence Bergreen)