Muitas pessoas amigas me pedem para postar aqui, alguns comentários sobre BDSM, mas eu fico sempre temerosa de dissertar sobre algo tão polêmico e do qual não sou especialista. Sou apenas um filtro e partidária da máxima "Se conselho fosse bom..."
Resolvi escrever sobre coleiras - virtuais, temporais, reais, de ouro, de couro ou de lata. Afinal, qual o significado delas, sob a ótica das submissas? Não falo submissos, porque, eles que me perdoem, porém não conheço o universo de suas vidas e se já é difícil falar do que conheço, imagina do que me é desconhecido. Também não discuto quaisquer outras preferências.
Sob o meu ponto de vista, usar uma coleira do Dono é honrar o proprietário, em todos os aspectos, em todos os momentos, pois considero como um presente especial, uma jóia, como na época medieval, em que os guerreiros usavam as cores de suas amadas.
Não se está em guerra por aqui e os tempos são outros, mas o respeito é idêntico e fundamental, pois se alguém me deu uma coleira, me escolheu, me elegeu digna de usá-la. Se a recebo, é para somente dignificá-la, sendo leal ao Dono.
Esse critério de lealdade, porém, me parece que é via de mão dupla...bom pelo menos eu penso dessa forma. Não sou a dona da verdade, todavia, dentro do que se chama consensualidade (tão propagado no mundo BDSM), essa cláusula, a da lealdade é para mim, a essencial e indispensável num contrato...aqui me refiro a apenas duas pessoas.
Taí uma coisa que nunca vou entender...partilha de coleiras ou coisa parecida, porque não se consegue ser especial para mais de uma pessoa, o ser humano é possessivo com tudo que lhe é caro, principalmente afeto, afetividades e similares, e isso é uma constante irrefutável. Cá estou ofertando apenas minha opinião, minhas sensações e pensamentos.
Entendo que se uma submissa numa multidão é escolhida, ela passa a ser mais importante que a multidão, para quem a escolheu...pois não é possível que a multidão se deite na mesma cama que ela; se isso acontece, não vejo especialidade alguma, não vale a pena e é generalizar a submissão, algo que sempre tem que ser relevado e valorizado...é uma situação tão rara, difícil, complexa e bonita, que não acontece com todo mundo e nem a toda hora.
Com certeza, numa condição de trato consensual, eu nunca aceitaria ser apenas mais uma, dividir coleira e atenção, há quem aceite, há donos que exigem, mas daí, quem concorda é porque se satisfaz dessa forma, tem uma visão diferente da que eu tenho.
Digo que a submissão é rara porque de fato, não se tira submissas de cartolas, por mais coelhas que existam, ocultas, destacadas pela popularidade, que são levadas pelo vento das oportunidades que vão aparecendo.
Mas quem realmente é submissa, sabe do que falo, entende porque há uma diferença gritante entre "estar submissa" num momento e "ser assim", sempre, pelo simples fato de que não se sabe ser outra coisa...porque todas as outras opções não trazem felicidade, porque entre dormir num dossel todo paramentado, eu, assim, igual a outras, escolho dormir no tapetinho...
Vou morrer reclamando lealdade e fidelidade de meu parceiro, ainda que me condenem todas as cortes do mundo...e sempre vou considerar como jóia a coleira que me deu. Se houver deslealdade, quebra de compromisso, eu simplesmente deixo de usá-la.
Complicado é muita gente achar que burrice é elemento indispensável às cabeças submissas...é um erro crasso e fatal.