oje é dia da Pátria, mais um 7 de setembro...eu sou uma patriota favorável à globalização e que acha que país e pátria somos nós e não os governos. O Brasil tem a nossa cara, de gente que trabalha, de milhares de pessoas que querem trabalhar e não tem oportunidade, dos que tem mil oportunidades e não aproveitam uma, enfim, somos brancos, pardos, vermelhos, negros, índios, todos verdes e amarelos de amor pelo nosso chão. Claro, para tudo há exceções. E, como dizia Vinicius de Moraes:
A minha pátria não é florão, nem ostenta lábaro não;
a minha pátria é desolação de caminhos,
A minha pátria é terra sedenta e praia branca;
A minha pátria é o grande rio secular que bebe nuvem,
Come terra e urina mar.
Mais do que a mais garrida a minha pátria tem uma quentura,
um querer bem, um bem
Um libertas quae sera tamem
Que um dia traduzi num exame escrito:
"Liberta que serás também" e repito!
Ponho no vento o ouvido e escuto a brisa
que brinca em teus cabelos e te alisa, Pátria minha,
E perfuma o teu chão...que vontade de adormecer-me
entre teus doces montes, Pátria minha
Atento à fome em tuas entranhas
e ao batuque em teu coração.
Não te direi o nome, pátria minha
Teu nome é pátria amada, é patriazinha
Não rima com mãe gentil,
Vives em mim como uma filha, que és
Uma ilha de ternura: a Ilha Brasil, talvez...
(Trecho do poema Pátria Minha, de Vinicius de Moraes - 1913/1980 - O biógrafo de Vinicius, José Castello, autor do excelente livro "Vinicius de Moraes: o Poeta da Paixão - uma biografia" nos diz que o poeta foi um homem que viveu para se ultrapassar e para se desmentir. Para se entregar totalmente e fugir, depois, em definitivo. Para jogar, enfim, com as ilusões e com a credulidade, por saber que a vida nada mais é que uma forma encarnada de ficção. Foi, antes de tudo, um apaixonado — e a paixão, sabemos desde os gregos, é o terreno do indomável. Daí porque fazer sua biografia era obra ingrata.)